Precisamos falar sobre a raiva

Nesse momento, senti de falar sobre a raiva. Sim, ela mesma: amada por uns, odiada por outros.

Cresci em um ambiente em que a raiva também esteve muito presente, tanto dentro quanto fora de casa. A sua linguagem era íntima para mim.

Parecia até uma espécie de motor, uma turbina. Eu costumava dizer “Com raiva eu penso ainda melhor!”, principalmente no trabalho. Já escutou essa frase? Hoje ela não faz mais sentido pra mim, mas, por muitos anos, fez.

Levei muito tempo para conseguir compreender que a raiva, por si só, é uma energia, que pode ser muito útil se bem canalizada. Somente quando associada a reações perigosas como agressividade, violência ou ruminação mental é que sua força se torna nociva.


Precisei mergulhar para entender como transformar aquela “lava” toda que corria dentro de mim em algo que não me destruísse, e que também não deixasse um rastro de terror por onde passasse. É um treino e tanto, confesso!


Hoje eu sei que a raiva tem benefícios, e pode ser útil.


Um deles eu já citei antes, que é nos fornecer energia (principalmente para o corpo físico). Outro benefício é o foco. Como a raiva alerta o corpo e o instinto, ela pode nos ajudar a responder a algo que nos ameaça de forma rápida, com clareza.


Raiva também pode trazer coragem para lidar com algo que sentimos medo, em especial se for algo que nos sentimos ameaçados, injustiçados ou desrespeitados. Esse ponto serve tanto para algo que aconteça conosco ou com alguém que amamos. Quem nunca se meteu em treta alheia para defender alguém por raiva levante a mão, por favor 🤣


Todos temos raiva construtiva (protetiva, resolutiva) e destrutiva (reativa, punitiva) dentro de nós.

Precisamos aprender a lidar com as suas polaridades, aprender com as diferenças, e não simplesmente a suprimir por medo, culpa ou vergonha de senti-la. Geralmente, quando queremos suprimir a raiva, a tristeza é a motivação que está na base.


Se quisermos ser pessoas menos ansiosas, deprimidas ou julgadoras, precisamos aprender a cultivar essa emoção, lidando com ela dentro e fora de nós. Isso mesmo: CULTIVAR, tal como fazemos com uma semente.


Por aqui, sigo aprendendo a lidar com a minha.


E você, como lida com a raiva?